Vocação: Dom de Deus
Queridos seminaristas, irmãos e irmãs, leitores deste boletim, agosto é mês vocacional, no qual intensificamos as nossas orações por aqueles que Deus, nosso Senhor, chamou e chama para o seu serviço numa vocação específica. Específica porque Deus não chama somente para o ministério ordenado, chama também para o matrimônio, chama para uma vida de consagração, enfim chama a todos e a cada um para que sejamos discípulos missionários seus.
Na audiência geral do dia 06 de julho de 2005, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, proferiu as seguintes palavras: “O primeiro gesto divino, revelado e concretizado em Cristo, é a eleição dos que creem, fruto de uma iniciativa livre e gratuita de Deus [...]. Comovo-me ao meditar esta verdade: desde toda a eternidade, estamos diante do olhar de Deus e Ele decidiu salvar-nos. E esta chamada tem como conteúdo a nossa santidade”. Deus nos chama! Ele elege os que creem para que no exercício da sua liberdade se coloquem a seu serviço e a serviço do seu povo. Como afirmou o papa, o chamado tem a ver com a santidade. Sim, santos! Ele nos chama à santidade, para que sejamos “íntegros diante dele no amor” (cf. Ef 1,4), como muito bem nos lembra São Paulo escrevendo aos efésios.
Deus nos chama para segui-lo, pois vocação tem a ver com seguimento. “Segue-me!” disse Jesus a Mateus (Mt 9, 9), a Simão e a André (Mc 1, 17), ao jovem rico (Lc 18, 22). Quando respondemos a este chamado, certamente sentimos em nós uma transformação. A resposta que damos a Deus, a este seu chamado para segui-lo, faz com que vivamos de um modo diferente: abandonamos nossos projetos, nossos sonhos, nossos ideais, enfim, abandonamos tudo para seguir somente a Ele. Assim como “Tiago filho de Zebedeu e seu irmão João”, deixamos imediatamente a barca, a casa de nossos pais e o seguimos (Mt 4, 22).
A propósito, são significativas as palavras do Pe. Francisco Faus, em seu artigo Fidelidade à Vocação, publicado no site presbiteros.com: “A partir do momento em que correspondemos à vocação, já não há planos pessoais, nem há um roteiro pré-estabelecido por Cristo, que vá servir de pauta detalhada para o novo caminho da vida. O caminho é o próprio Cristo, dia a dia, e o roteiro são, em cada momento, os seus passos. Eis que nós deixamos tudo para te seguir – dirá Pedro. Que haverá então para nós? [Não sabia o que viria, nem Cristo lhe explicou com detalhes: Jesus disse-lhe apenas que não ficaria sem nada, mas teria o cem por um (cf. Mt 19, 29)]”.
Cristo: eis o nosso caminho. Todo vocacionado é chamado a seguir as pegadas do mestre, a viver a vida do mestre, a sonhar os sonhos do mestre. Diante das muitas ideologias que o mundo de hoje nos apresenta, ouso dizer que a nossa ideologia, se é que Ele de fato é uma ideologia, deve ser o próprio Cristo: o Cristo homem e o Cristo Deus. O Cristo que assumiu a nossa condição humana, menos o pecado, que viveu entre nós e nos ensinou como deveríamos viver sobre esta terra. O Cristo, Filho de Deus, o Santo, o que na sua humanidade, passando pela cruz, nos livrou da escravidão do pecado e da morte e, ressuscitando glorioso, nos deu vida e vida em plenitude. Eis, meus caros, o que verdadeiramente significa ser vocacionado: morrer para si e nascer para Deus.
Que este mês de agosto possa ser para nós, que caminhamos nas pegadas do mestre (bispos, padres, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e leigas), um período forte de nossa Igreja não somente para rezarmos, a fim de que Deus envie operários para a sua messe. Sim, vamos rezar e devemos fazê-lo, mas Deus somente enviará operários para a sua messe se o deixarmos agir em nossas vidas, na vida de nossas comunidades paroquiais, na vida de nossas famílias, na vida de nossas crianças e de nossos jovens. Que seja, enfim, este mês, para cada um de nós, um tempo forte de encontro pessoal com o Senhor, para que, encontrados por Ele e nos encontrando com Ele, deixemo-nos seduzir, convertamos o nosso coração, mudemos de atitudes e o sigamos de fato.