No último 22 de agosto, as três casas de formação, a saber Propedêutico, Filosofia e Teologia, se reuniram para repensar a convivência na vida comunitária. Este encontro foi preparado e dinamizado pelas psicólogas Eliete e Karina, e pelos padres Paulo Miki, Sidney, Luís Fernando e Paulo. Além de algumas dinâmicas de interação, os seminaristas refletiram sobre “O outro como mediação formativa de Deus para mim”, um texto bastante profundo de Amedeo Cencini. Também alguns textos bíblicos foram utilizados para ajudar na compreensão do outro em nossa vida e na maneira como nos posicionamos diante do encontro. Assim, os seminaristas meditaram sobre o encontro entre Maria e Isabel, o encontro entre Jesus e a samaritana e o encontro entre Esaú e Jacó. Após essas reflexões, as três casas se reuniram para um bate-papo espontâneo sobre os desafios da convivência e as atitudes necessárias para superá-los. Em seguida houve o almoço. Na parte da tarde, a reflexão girou em torno da relação com o outro a partir da teologia paulina do corpo, descrita no capítulo 12 da 1ª Carta aos Coríntios. No final, os seminaristas foram convidados a construírem um brasão que expresse o desejo de se construir uma relação com o outro baseada nos valores do evangelho.
Abaixo segue alguns pontos refletidos durante o encontro:
• A vida comunitária,e mais em geral a vida de relacionamento, representa o contexto normal em que aprendemos cotidianamente a difícil arte de crescer juntos, deixando-nos formar e plasmar pelo irmão
ao qual não estamos ligados por nenhum vínculo de carne e de sangue, e que por isso mesmo se torna instrumento misterioso da ação formadora do Pai.
• A vida comunitária é o lugar da relação com o outro, e do “outro” verdadeiramente tal, porque não foi escolhido pelo sujeito conforme seus gostos. Nossa tendência seria a de homologar, de nivelar as diversidades ou colocá-las em conflito, de tornar o outro semelhante a nós e até evitar quem não se adequar ao nosso modelo.
• Quando vivemos com os outros, aprendemos inclusive a obedecer não só a Deus, como também às mediações humanas, aos próprios irmãos, mas de qualquer forma por Deus, jamais pelos homens. A comunidade, então, torna-se agente de formação, e o irmão, com toda a sua diversidade, é passagem obrigatória dessa mediação educativa, aliás, instrumento misterioso e real da ação formativa do Pai.
• A vida comunitária forma somente aqueles que se deixam formar e acompanhar por ela, que certamente não são aquelas pessoas que têm uma atitude passiva e um pouco parasitária, os assim chamados “consumidores” de comunidades, mas exatamente o contrário disso, os construtores de comunidade. Ou seja, aqueles que aceitam ser responsáveis um pelo crescimento do outro, vigias um do outro, que se preocupam com quem está ao lado deles, e, ao mesmo tempo, são abertos e disponíveis para receber o dom do outro, capazes de ajudar e de serem ajudados.
• Ninguém pode descarregar sobre a vida comunitária ou sobre o relacionamento em geral a tarefa da sua própria formação, esperando ingenuamente que tudo venha de lá; ou pretendendo que esse seja o contexto ideal para se cumprir um caminho pessoal de crescimento, quem sabe até justificando a própria inércia a esse respeito com as imaturidades dos outros. A comunidade é formativa à medida em que seus componentes assim a tornem, ou à medida que cada um se preocupe com cada irmão e com toda a comunidade.