"Meio Ambiente: Responsabilidade de todo homem, sobretudo do Cristão"

O meio em que nós, seres humanos, vivemos está constantemente ameaçado, o que põe em risco nossa própria vida, que se torna também ameaçada, já que integramos a natureza do planeta. Todavia, a maior ameaça ao meio ambiente não são os terremotos, os tsunamis, as forças da natureza, cujas forças nós não controlamos, mas o tamanho da ação ambiciosa do ser humano sobre a natureza dada por Deus para que cuidássemos dela e a cultivássemos. O homem entendeu errado o mandato divino quando diz: “enchei a terra e submetei-a; dominai sobre [...]” (cf. Gn 1,28). Pois, “o verbo submeter, em hebraico, kabash, no contexto da cultura semita tem como foco principal a terra e o seu cultivo, e o verbo dominar é outra tradução do hebraico radah, que possui o sentido de cultivar, organizar e cuidar” (CF 2011. Texto-Base, n. 106).

Como visto, não foi concedido ao ser humano a posse da natureza no sentido de senhorio ou domínio tal como o entendemos hoje, mas naquele sentido semita, exposto acima. “O livro do Gênesis é claro quanto a isso ao afirmar que Deus colocou o ser humano no jardim para o cultivar e guardar” (cf. Gn 2,15) (CF 2011, n. 106).

A partir disso, conclamamos todos os homens, mulheres, jovens e crianças a assumirem sua parte de responsabilidade no cuidado equilibrado, harmonioso e sustentável do grande jardim, o planeta que habitamos. Porém, para que isso se torne realidade, se transforme em gestos concretos, todos nós devemos passar por uma conversão de pensamento e comportamento no dia-a-dia, desde o trivial até o mais complicado. É preciso comedimento no usufruto dos bens do jardim do Criador. Neste sentido, vale lembrar uma frase certa vez pronunciada por Mahatma Gandhi: “o mundo tem recursos suficientes para atender às necessidades de todos, mas não à ambição de todos.”

Uma maneira eficaz de nos percebermos como parte integrante da criação é redescobrirmos o dia do Senhor, o Domingo, para nós, cristãos; no livro do Gênesis é o sétimo dia da Criação, quando Deus descansou de toda a obra criada. O mundo vive hodiernamente num ritmo mecânico, intenso e ininterrupto, altamente prejudicial à saúde do homem e à saúde do planeta. O que se visa são a produção e o lucro desmedidos. Assim, “o descanso deve ser respeitado não apenas para o ser humano, mas também para toda a natureza” (CF 2011, n. 125). É necessário imbuir de sentido e de valor novamente o Domingo, o dia do Senhor, no qual nos reunimos para a festa da Eucaristia e no qual aproveitamos também para deixarmos de fazer o cotidiano e nos colocarmos numa pausa restauradora para nós e consequentemente para a natureza. 

“De eucaristia em eucaristia, os cristãos vão sendo configurados a Cristo.” Portanto, “dos que se reúnem para celebrar eucaristia, se espera que possam assumir atitudes em prol do cuidado para com a vida no planeta em todas as suas dimensões, e, especialmente dos pequeninos, os mais afetados pelas mudanças climáticas em curso. É desta forma, que a Igreja, através de suas comunidades, se faz discípula e missionária de nosso Senhor. E irá cumprir sua missão” (CF 2011, n. 179).

Fábio Senna – 2º TEO

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