Como visto, não foi concedido ao ser humano a posse da natureza no sentido de senhorio ou domínio tal como o entendemos hoje, mas naquele sentido semita, exposto acima. “O livro do Gênesis é claro quanto a isso ao afirmar que Deus colocou o ser humano no jardim para o cultivar e guardar” (cf. Gn 2,15) (CF 2011, n. 106).
A partir disso, conclamamos todos os homens, mulheres, jovens e crianças a assumirem sua parte de responsabilidade no cuidado equilibrado, harmonioso e sustentável do grande jardim, o planeta que habitamos. Porém, para que isso se torne realidade, se transforme em gestos concretos, todos nós devemos passar por uma conversão de pensamento e comportamento no dia-a-dia, desde o trivial até o mais complicado. É preciso comedimento no usufruto dos bens do jardim do Criador. Neste sentido, vale lembrar uma frase certa vez pronunciada por Mahatma Gandhi: “o mundo tem recursos suficientes para atender às necessidades de todos, mas não à ambição de todos.”
Uma maneira eficaz de nos percebermos como parte integrante da criação é redescobrirmos o dia do Senhor, o Domingo, para nós, cristãos; no livro do Gênesis é o sétimo dia da Criação, quando Deus descansou de toda a obra criada. O mundo vive hodiernamente num ritmo mecânico, intenso e ininterrupto, altamente prejudicial à saúde do homem e à saúde do planeta. O que se visa são a produção e o lucro desmedidos. Assim, “o descanso deve ser respeitado não apenas para o ser humano, mas também para toda a natureza” (CF 2011, n. 125). É necessário imbuir de sentido e de valor novamente o Domingo, o dia do Senhor, no qual nos reunimos para a festa da Eucaristia e no qual aproveitamos também para deixarmos de fazer o cotidiano e nos colocarmos numa pausa restauradora para nós e consequentemente para a natureza.
“De eucaristia em eucaristia, os cristãos vão sendo configurados a Cristo.” Portanto, “dos que se reúnem para celebrar eucaristia, se espera que possam assumir atitudes em prol do cuidado para com a vida no planeta em todas as suas dimensões, e, especialmente dos pequeninos, os mais afetados pelas mudanças climáticas em curso. É desta forma, que a Igreja, através de suas comunidades, se faz discípula e missionária de nosso Senhor. E irá cumprir sua missão” (CF 2011, n. 179).
Fábio Senna – 2º TEO
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