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A vida em Cristo
- Raniero Cantalamessa -

A Igreja, a partir do vaticano II, se propôs dialogar com o mundo. Uma das características dessa Igreja é o seu caráter ecumênico. Por isso não se pode pensar em um ponto comum que unem as igrejas cristãs a não ser que esse ponto seja essencialmente Jesus Cristo.

É por essa Razão que senti impulsionado a apresentar nesse espaço um pequeno comentário sobre a obra: “A Vida em Cristo”, de Raniero Cantalamessa, um frade Franciscano capuchinho conhecido tradicionalmente por proferir, no lugar do Papa, a homilia na Basilica de São Pedro na tarde da Sexta feira da Paixão.

Este belíssimo livro, de caráter ecumênico, está dividido em treze capítulos, que possibilitam o contato com temas importantes que ajudam no entendimento da carta de São Paulo aos Romanos e ao mesmo tempo, fortifica a fé e a espiritualidade daqueles que se aventuram em percorrer o curso de 247 páginas. Curiosamente, fortificar a fé é um dos objetivos principais desse livro que, por sua vez, pretende atingir os próprios objetivos que levou o apóstolo Paulo a escrever a carta aos Romanos.

No primeiro capítulo desse Livro é explicitado, a partir do tema, o valor do homem aos olhos de Deus. “Amados por Deus”; este tema mostra um ponto de suma importância e indica o dever do homem em amar a Deus, não como causa primeira, mas como conscientização de que, na verdade, Deus nos amou por primeiro. Isso leva-nos a entender que Deus, ao amar, não busca sequer a sua glória. Sua glória nada mais é do que dispensar o amor de forma gratuita ao homem. “A Gloria de Deus é o homem vivo” (Sto Irineu).

Partindo do principio do Amor gratuito de Deus, o livro “A Vida em Cristo” vai explicitar toda a fraqueza humana a partir do pecado de todos, depois disso, nos trás toda a questão da justiça no entendimento paulino – daqui a celebre afirmação: “justificação pela fé”, que supõe a conversão e adesão, a Jesus Cristo.

Nesse aspecto passamos ao entendimento da Paixão de Cristo; esse justo foi condenado a morte por nosso pecado, ressuscitou para a nossa justificação (Cf Rm 4, 25). Essa ressurreição passa a ser para os homens, a fonte de esperança: “A ressurreição de Cristo é, para o universo espiritual, o mesmo que foi para o universo físico a “grande explosão”, que deu energia e inicio de um processo de expansão que ainda continua. A cada dia e a cada época, surgem dons na Igreja; surgem novas formas de continuar a vivência cristã.

Transcorrendo sobre assuntos desse nível, chegamos ao capítulo décimo com bases para trazer para a vida o entendimento da frase: “A caridade não seja fingida”. Aqui está o cerne do amor Cristão destacado nesse livro e também na carta de Romanos. Temos que responder com a nossa vida, segundo o dito de Cantalamessa, ao que Deus obrou por nós em Cristo. Para isso, nossa obrigação é produzir os frutos do Espírito Santo que recebemos.

Antes de terminar, convém destacar o tema da Obediência, que é um tema celebre em Paulo e que explicitamente é posto nesse livro para nos mostrar a necessidade da escuta atenta da Palavra de Deus, tal como Jesus praticava. Essa obediência colhe sua última conseqüência, se assim for preciso, no derramamento de sangue na cruz. Nesse sentido não é difícil entender plenamente que “vivemos para o Senhor”.

Enfim, Cantalamessa destaca num dado momento de sua conclusão, a palavra do próprio apóstolo Paulo que indica, na dinâmica de viver para o senhor, o descentralizar-se do homem de seus próprios interesses e de seu fechamento à existência propensa a sua própria satisfação. Cantalamessa mostra que a verdadeira vida em Cristo, significa, de fato, viver para o Senhor : “Não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).
Rosinei Erasmo - 4° TEO

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